Aconchegante e histórico, mas defasado e correndo o risco de ficar sem receber os grandes jogos de futebol. O estádio do Pacaembu é um ônus para a Prefeitura de São Paulo, que já estuda há algum tempo a possibilidade de cedê-lo à iniciativa privada. Os problemas: quem toparia investir em local que especialistas dizem ser inviável transformar em arena rentável? E o que fazer com ele se o Corinthians, o grande time que hoje o utiliza, construir a casa própria?
"Em breve será realizada uma audiência pública para debater com a população o futuro do Pacaembu", conta o secretário de Esportes, Walter Feldman. Ele ainda é o principal incentivador de o Corinthians assumir o campo, só que as propostas de estádio para o clube - duas em andamento - o fizeram deixar a hipótese em "banho-maria".
A solução para o Pacaembu é uma ampla reforma que o transformasse em arena multiuso, nome da moda para um local que não recebe apenas jogos, mas shows e qualquer outro evento de grande porte. Somente assim consegue dar retorno financeiro a seus proprietários e investidores. A Prefeitura estima que seriam necessários R$ 150 milhões para modernizar o local. E mesmo assim há quem duvide disso.
"Uma reforma hoje do Pacaembu é inviável por alguns aspectos, mas o principal deles é por causa do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico)", explica o engenheiro Marcelo Tessler. Ele trabalha no projeto do novo estádio do Palmeiras, que começa a sair do papel ainda este mês.
O Condephaat é o órgão ligado à Secretaria Estadual de Cultura que defende o patrimônio histórico em São Paulo. O estádio está tombado desde 1998. Para ocorrer qualquer mudança estrutural é preciso o aval dos membros deste órgão.
Em 13 de junho houve uma pequena mudança no tombamento do bairro do Pacaembu, na zona oeste de São Paulo, onde está localizado o estádio. Não era indício de que possa influenciar em alterações com relação a reformas no campo. Moradores conseguiram uma liminar contra essa decisão.
"A mudança de 13 de junho dizia que terrenos do Pacaembu podem ser divididos em lotes. Isso não diz nada a respeito do estádio", explicou a assessoria do Condephaat. E como não existe o "destombamento" qualquer mudança, seja de um tijolo, tem de passar pelo rigoroso conselho.
"É o grande empecilho", admite o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. O Pacaembu foi sonho de consumo corintiano durante muitos anos. Hoje, seria prejuízo. Afinal, uma das fontes de renda das grandes arenas é a cessão dos nomes a empresas, como o Emirates Stadium, do Arsenal - a empresa aérea praticamente bancou a construção do campo.
O QUE FAZER?
Transformar o Pacaembu em "casa" do futebol amador paulistano é uma das possibilidades que já foi estudada pela secretaria de Esportes. Seria uma maneira de não deixar de ter jogos de futebol no estádio, que foi o motivo pelo qual foi ele construído, na década de 40.
"A tendência é de que todos os clubes de São Paulo possuam no futuro suas próprias arenas. Este não é um fato ainda, daí surge a idéia de utilização do Pacaembu como uma alternativa e podendo receber sim, jogos amadores", diz Feldman.
Ele não considera o Pacaembu um ônus para a Prefeitura, embora mensalmente sejam gastos exatos R$ 303.562,49, referentes a salários e manutenção, não só do estádio, mas de todo o complexo (como piscina, por exemplo).
Com os eventos realizados no estádio, a Prefeitura não recupera nem 50% do que gasta. "O Pacaembu é importantíssimo para a cidade de São Paulo. Além do estádio de futebol, possui um complexo esportivo muito utilizado", afirmou o secretário.
Como há eleição municipal neste ano, qualquer parecer que a audiência pública tomar precisará ser ratificado por um novo governo, caso Gilberto Kassab não consiga a reeleição. Marta Suplicy, também candidata e ex-prefeita, foi a favor em sua administração (2001-2004) de ceder o Pacaembu para a iniciativa privada. (AE)
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